A população indígena brasileira

É bastante difícil precisar o tamanho da população indígena do Brasil por volta de 1500, época da chegada dos portugueses ao País. Alguns pesquisadores avaliam que essa população era calculada entre cinco e sete milhões de indivíduos, distribuídos em milhares de denominações em dois grandes grupos linguísticos: o Tupi e o Jê, além de outros subgrupos de menor prevalência no norte do Brasil.

Hoje, a população indígena é composta por cerca de 734 mil indivíduos, segundo cálculos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que pertencem a pelo menos 215 etnias e falam um conjunto de 180 diferentes línguas nativas. Os dados do instituto considera índio a população autodeclarada que vive nas reservas e também nas cidades.

Nos cálculos da Fundação Nacional do Índio (FUNAI), que considera somente a população das reservas, os índios seriam cerca de 350 mil indivíduos. => Mais

Extermínio sistemático

A partir de qualquer estatística, é seguro dizer que houve um processo sistemático de dizimação desses povos no contato com o colonizador europeu, atribuído a guerras, escravização, à expropriação de seus territórios e doenças. Muitos dos povos indígenas do litoral brasileiro desapareceram sem que fossem conhecidos por seu nome correto. Isso porque a denominação utilizada pelo colonizador era àquela dada pelo grupo indígena a ele aliado, que, via de regra, continha adjetivos pejorativos, ou simplesmente, o nome do grupo indígena era coincidente com o do seu líder. O extermínio é corroborado pelo fato de que no Brasil do século XXI o português é a língua predominante em todo território nacional. Nem sempre foi assim. Em pelo menos 250 anos da história do País, a língua mais falada por essas terras foi a Língua-Geral Tupi, que compartilhava vocábulos das principais línguas do tronco linguístico Tupi, de maior prevalência no litoral brasileiro, entendível às populações nativas, do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul. Essa língua morreu porque também morreram seus falantes, sem que fosse passada adiante às novas gerações. Muitos países da América Espanhola, ao lado do idioma do colonizador, estabelecem como línguas oficiais idiomas indígenas. Caso do Paraguai, que tem o Guarani e o Espanhol como línguas oficiais.

Afirmação pela tecnologia

Atualmente, por meio das mídias sociais, grupos indígenas de todo o País procuram afirmar sua identidade perante a população brasileira e ter reconhecido sua trajetória de lutas e resistência, além do direito de viver como os demais brasileiros, na modernidade, sem preconceitos e com os mesmos direitos sociais.  Uma dessas campanhas, apoiada pelo Instituto Socioambiental, uma das principais entidades de apoio à causa indígena no Brasil, destaca que, hoje, as populações de origem portuguesa, italiana, alemã, africana e de todas as outras etnias que compõem o Brasil não vivem da mesma forma que há um século. Dessa forma, pedem o reconhecimento da sociedade pelo direito de acompanhar a modernidade da mesma forma que os não-índios.